
O governo federal taxou apenas o pneu pronto e não impôs custos à importação da matéria prima, que concorre com a brasileira
A recente taxação de impostos para a importação de pneus no Brasil parece ter tido um efeito contrário ao esperado pelos produtores de borracha do país. Enquanto o governo federal taxou apenas os pneus prontos importados, não houve custos adicionais para a importação da matéria-prima concorrente com a produção nacional.
Isso acabou complicando ainda mais a situação dos produtores e sangradores de borracha, que agora enfrentam uma concorrência ainda maior da matéria-prima importada. Além disso, há suspeitas de que as associações compostas por representantes de usinas e pneumáticas estejam favorecendo a importação e a colocação no mercado interno do coágulo produzido fora do país.
Como resultado, o preço da borracha nacional caiu de R$ 3 para R$ 2,50, em parte porque as usinas tentam achatá-lo para escoar seu estoque. Os produtores, por outro lado, buscam um novo índice para definir o valor, mas a influência política das usinas e da indústria pneumática torna essa tarefa ainda mais difícil.
A situação se agrava quando se considera que diretores de grandes produtoras de pneus foram flagrados conversando sobre como manipular o preço da borracha nacional, o que configura um movimento comercial desleal e é proibido por lei.
Para o produtor Mário Miranda, a taxação de pneus importados não mudou a situação dos produtores de borracha no Brasil, que ainda enfrentam uma concorrência desleal da matéria-prima importada e têm dificuldades para definir um preço justo para seu produto. É preciso proteger a produção nacional e evitar práticas comerciais desleais que prejudicam toda a cadeia produtiva.